
O jazz
O jazz surgiu no final do século XIX, depois do blues e do ragtime, e seu aparecimento não está bem registrado. As primeiras gravações foram feitas quando a tecnologia era ainda bastante limitada. Há também controvérsia quanto ao seu berço. Mas não há como negar que o gênero musical foi fortemente influenciado pela cultura Creole de Nova Orleans.
Muitos músicos negros Creoles pertenciam à classe alta de Nova Orleans e frequentemente eram educados em Paris. Voltavam com um conhecimento amplo e formal de música e tocavam com técnicas precisas. Mesmo os que não iam até a Europa costumavam aprender a tocar instrumentos europeus.
Em contraste, do outro lado da cidade habitavam escravos recém-libertados. Os ex-escravos tocavam blues e música gospel de ouvido e com muita improvisação. Os negros ricos e os ex-escravos viviam em dois mundos à parte… até que veio uma lei segregatória que obrigou os negros livres Creoles a se mudarem para o outro lado da cidade, aquele onde viviam os ex-escravos. Do encontro dessas duas culturas distintas nasceu o traditional New Orleans jazz.

A história do jazz é bem longa e tem muitas ramificações. Com o tempo, surgiram variações como o gypsy jazz, o cool jazz,, smooth jazz… Aqui vai só uma pincelada bem superficial. Para saber mais, dê uma olhada nas fontes no final do post.
Curiosidades:
-Louis Armstrong, um dos mais importantes e conhecidos intérpretes do jazz, nasceu em Nova Orleans em 4 de agosto de 1901.
-Jazz costumava ser tocado em funerais de pessoas ilustres da cidade.
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A culinária

Tanto Creole quanto Cajun são termos largamente empregados para designar a culinária de Nova Orleans. Essas são duas culturas diversas e, portanto, seus estilos são diferentes, apesar de ambas usarem condimentos fortes e ingredientes parecidos. Para quem é de fora, não é tão fácil assim distingui-las.
Originalmente, a cozinha Creole era mais aristocrata e urbana. Era preparada por escravos de membros da sociedade e usava grande abundância de ingredientes. Os primeiros Cajuns*, no entanto, viviam em zonas rurais. Sem acesso a nenhum tipo de refrigeração ou a outras modernidades da cidade, tinham que se virar com o os recursos que conseguiam, e o faziam com muito talento. Da necessidade de não desperdiçar nada surgiram linguiças e salsichas como Boudin e Andouille, por exemplo.

Gumbo, Jambalaya, Crawfish Étouffée, Shrimp Creole, Po-Boy, Red Beans’n’Rice e Beignets estão entre os pratos locais mais conhecidos. Mas a variedade é imensa! E deliciosa! Pelas ruas do French Quarter se sente também o cheirinho tentador das Pralines vindo das diversas lojas que fazem o doce de açúcar derretido e amêndoas diariamente.
*No post anterior, há um pouquinho da história dessas duas culturas. Para lê-lo, clique aqui.

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O French Quarter

O French Quarter é o bairro mais antigo – e vibrante – de Nova Orleans. Como fica numa região um pouco mais elevada que o restante da cidade, acabou sendo bem mais poupado da destruição causada pelo Katrina, em agosto de 2005, que outras regiões da cidade. Com a força do furacão, barragens inadequadas que protegiam a cidade das águas do Rio Mississippi e do Lago Pontchartrain partiram, e 80% da cidade ficou semanas inundada. Mas o French Quarter teve sorte.

A arquitetura do French Quarter é uma mistura de estilos francês, espanhol, americano e Creole – singular, linda e icônica.
É ali que fica a famosa Bourbon Street. E é no French Quarter que você provavelmente vai querer se hospedar, se for a Nova Orleans. O que não falta é diversão: restaurantes, lojas, casas de música, pequenos museus e casarões históricos, e muito mais.

Aqui vão algumas das atrações preferidas do local:
Museus:
-National World War II Museum: (um pouco afastado do French Quarter. Vá de táxi.) para quem se interessa pelo assunto, este é um dos maiores museus sobre a Segunda Guerra Mundial que existem. O museu tem várias exposições e, em destaque, uma bastante detalhada sobre a invasão da Normandia pelos aliados, além de um filme narrado por Tom Hanks. O filme, ‘Beyond All Frontiers’, apresenta uma perspectiva ampla da Guerra e é excelente. Imperdível. Único possível problema: como costuma acontecer nos museus americanos, tudo é só em inglês. Mas não deixe de visitá-lo mesmo assim.
945 Magazine Street, no ‘Historic Warehouse District’ (www.ddaymuseum.org)
-The Presbytère: o museu era dedicado originalmente ao Mardi Gras* de Nova Orleans. Mas, depois que a cidade se recuperou o suficiente da devastação causada pelo Katrina, o lugar passou a usar parte do seu espaço para registrar o desastre, contando o que aconteceu e mostrando relatos de pessoas envolvidas. O museu é para quem quer saber um pouco mais sobre uma das maiores catástrofes que o país já sofreu. Depois, é só prosseguir e levantar o ânimo com a exposição dedicada aos montes e montes de fantasias de Mardi Gras.
751 Chartres Street, Jackson Square
*Mardi Gras é o carnaval de Nova Orleans. Bem diferente do brasileiro…

Southern Food and Beverage Museum and Museum of the American Cocktail: um museu dedicado à comida e à bebida que conta a história de como os diferentes grupos étnicos contribuíram para que a culinária da cidade seja o que é. É também um passeio pela história de 200 anos de coquetéis no país. Muito instrutivo e divertido. Atenção: fecha às terças.
1 Poydras Street, no ‘Riverwalk Marketplace Mall’ (www.museumofthearicancocktail.org e www.southernfood.org)
Atrações:

-Preservation Hall: fundada com a finalidade de preservar o jazz tradicional de Nova Orleans, essa instituição é formada por uma banda de músicos que toca sem finalidade lucrativa. O lugar é minúsculo, escuro e meio caindo aos pedaços. Não há ar condicionado (aquilo fica um forno no verão) nem lugares confortáveis para se sentar. Em algum momento você vai se perguntar o que é que você está fazendo ali… Até aqueles senhores começarem a tocar e cantar. Ah, aí, tudo fica claro! Experiência única e inesquecível. Há três shows por noite, de cerca de 50 minutos cada. A fila na porta é sempre grande e nem todos conseguem lugar. Compre ingressos com antecedência pela internet e evite a fila e a decepção.
726 Street, Peter Street (http://preservationhall.com/hall/)

Onde comer:
Há inúmeros restaurantes fantásticos. Aqui vão só algumas sugestões:
-Café du Monde: Paraíso dos beignets (massinha frita e passada no açúcar, meio que um ‘doughnut’ francês) com café au lait – o café aqui é feito à moda do sul: com um pouco de chicória. Não torça o nariz e experimente!
800 Decatur (www.cafedumonde.com)
-Johnny’s Po-Boys: as toalhas das mesas são de plástico, assim como os pratos e talheres. O lugar tem cara de pé sujo, mas é autêntico e muito bom no que se propõe a fazer. Lá eles servem vários exemplos da culinária local, inclusive, obviamente, o Po-Boy: sanduíches típicos de camarão, frango, linguiça, etc.
511 St. Louis Street (http://johnnyspoboys.com)
-Muriel’s Jackson Square: este é bem diferente da lanchonete acima. Fica no coração do French Quarter e é um dos melhores restaurantes da cidade. Excelente cozinha, decoração aconchegante e elegante sem ser em nada pretensioso. Se tiver que escolher um só lugar para jantar, é ele.
801 Chartress Street (http://www.muriels.com/index.html)
Há muito, muito mais. Faça uma pesquisa ou explore o lugar na hora e você certamente vai descobrir maravilhas. Divirta-se!
Para mais fotos e dicas, dê uma olhada na página do Feito Peixe Fora d’Água do Facebook e no Instagram.
Fontes:
Frommer’s USA 2011